Como é bom conversar, conversar ao pé do ouvido, conversar para desabafar, conversar para através das palavras em discurso criar ponte: para se chegar do lado de lá: O outro.
E no retorno encontrar a si mesmo. Reconheço a mim quando o outro diz que SOU, resguardando as devidas proporções, sou cria do pensamento, discurso, palavras daquele que comigo se comunica.
Nossa humanidade, não obstante a sua superioridade em relação ao reino animal, não traz em sua bagagem a autonomia instintiva que os outros animais possuem.
Precisamos do outro para construir o nosso próprio ser, sempre. O outro como sendo o espelho que reflete minha imagem. Isso a civilização e a cultura nos aparelham.
Quero, porém ir aquém da nossa humanidade. A isto bem se presta a arte. Podemos expressar nossos atavismos humanos, pisando em ovos sem ter medo de quebrá-los.
Pela arte podemos tocar nossos tambores ancestrais, entoar cânticos para nos conectarmos com o mistério, abeberar-se das poções mágicas, ir ao recôndito de nossa natureza mais primitiva.
E ao compartilhar essas experiências, comunicamos ao outro nossa existência criadora, nossa sombra sendo reconhecida pelo real que somos. Criatura e criação como entes distintos, nascidos da mesma matéria, porém não mais precisamos nos utilizar da antropofagia para devorar o inumano do outro e assim afirmamos a nossa natureza civilizadora.
Kafka me provoca e por isso digo o acima, pois eis que tudo estava por entre folhagens, camuflado; então quando da leitura de sua obra, expio minha natureza inumana: -É Aquilo que a civilização não conseguiu alcançar, pois que agora ouço sons guturais de algo que está se parindo, porém não tenho olhos para ver, não preciso desvendá-lo: - Eis o mistério: basta pré sentir seu nascimento; contudo este ser não terá face, desprovido de ego, será somente alma.
terça-feira, 11 de maio de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Achei este texto muito profundo e cheio de verdades. Fiquei com orgulho de ser tua amiga.
ResponderExcluirBeijos e sucesso com o teu blog.