São Paulo, 18 de Abril de 2010.
Á Nelson
Declaração de uma amizade
Entregou-me um envelope branco, contendo um chocolate alpino, uma bala de erva cidreira e uma declaração de amizade, se contada pelo tempo, indo para dez anos.
Deliciei-me com a barra de chocolate, a bala deixei para mais tarde, a carta deleguei para o tempo que não tem tempo, uma questão atemporal, pois existem pessoas , sentimentos, emoções,que ao serem lembradas pelos sentidos nos fazem percorrer os acontecimentos de nossa vida como átimos, tornando o tempo linear sem voltas para o passado, sem paradas no presente e sem pontes para o futuro, transitamos pelo tempo, mas não nos deslocamos nele.
Disse-me palavras delicadas, poema de uma amizade, vivências guardadas, grafadas com a mais majestosa caligrafia do escriba que o imagino a escrever com amor seus papiros e pergaminhos.
Amizade um ato de escrever em papyrus, em seu estado bruto cujo caule aponta para o que está nele contido. E que se fará pela delicadeza da idéia e pela força do suor. Assim o escriba registra sua criação e o amigo se inscreve indelevelmente na vida do outro amigo.
O homem escrevendo no pergaminho, naquilo que um dia foi pele.
A amizade se tatuando nas fibras do próprio coração.
Quando o tempo falta a amizade nos flerta nos corredores, num telefonema, talvez um e-mail, na saudade, na necessidade satisfeita da palavra proferida e ouvida, do abraço, da sintonia de pensar, naquilo que nos faz lembrar e recortar do jornal o artigo, das idas ao Sebo, que retirando pó do esquecimento nos faz comprar um livro que especialmente lembra o outro amigo.
Amizade é Fazer-se presente como presente para a delicada solidão.
A garimpagem não de pepitas, mais daquilo que contentará o amigo e tornará perene uma amizade: uma pequena quinquilharia, um tímido sorriso, uma sonora gargalhada, uma olhar que alcança uma tristeza disfarçada, um compartilhar da alegria de anseios satisfeitos.
A solidariedade mútua no viver, no caminhar, no sonhar,
No desejo de não esquecer e não ser esquecido
Pelo que é bom, pelo que nos faz sentir vivo!
quarta-feira, 19 de maio de 2010
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