terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Minha alma
SEU AGIR
Sua natureza expansiva
permitia plasticidade no sentir
Ora triste ora alegre
Não havia amargura
Sabia brincar com as vicissitudes
Sempre expiando pelas frestas
Catava alegria por entre folhagens
Dando vida ao que não tinha
Conversava com as pedras, garfos e sementes
Fez da solidão a companheira tão presente
A energia de um potro selvagem
O não inexistia
Dizia sim para o que queria
pois amava a fantasia
Castelos não havia
Seu lugar: uma choupana
de terra batida
E dela se ouvia o coração da terra
era um Tum Tum Tum
acordando sonhos
Levitando a imaginação fertilizada
uma alegria, guardada a sete chaves
pois temia que a roubassem
Às vezes misturava alegria com tristeza
O que nascia?
A interpretação do vasto mundo
Assim... Compreendia
SUA COR
Tinha cor de criança
Matiz com frescor
de quem nasceu para a vida
O bocejar do que dormia
Acordava para o brilho das estrelas
Acordava para a noite mais profunda na lua
Chorava por medo desse mistério
Pois até então o desconhecia
Assim... Nada sabia
SEU CORPO
Feito de vento serelepe
Não tinha paragem
O cansaço desconhecia
Às vezes criava pensamento de carne e osso
Para saber do humano
Mas negava a forma densa
Atravessava as paredes
como se abrisse portas
Só não invadia o outro
Á esse pedia licença
Reconhecia-se como semente:
O resumo do grão em ser!
Assim... Continha o sopro e o todo da vida
SEU SOM
Algazarra de pássaros esquecidos na densa floresta
O som da água correndo por onde deseja
Das crianças saindo da escola
De esquilos quebrando nozes
Dos anjos tocando harpa pro menino Jesus
Das bazucas silenciosas
E também do choro de criança que chora
Por não ter amor...
Assim... Deleitava-se dos sons mais rústicos da natureza
SEU CHEIRO
De talco de nenê
Do frescor de fralda trocada
De chuva que molha a terra
de maresia que anuncia
a fertilidade e desova dos peixes
odor de sexo abundante que dá vida
o amor de sangue, carne, osso
ASSIM... primitivo eram os odores que sorvia
SEU DOMÍNIO
Dona de propriedade sem escritura
Nada possuía que era seu
apenas tomava emprestado
Algo que, mas tarde ao verdadeiro dono devolveria:
A quintessência da natureza geradora
Sua liberdade ,
não permitia possuir algo que fosse seu
por isso de mão vazias
recordava a busca incessante
de nada ter
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Meu ego
MEU EGO
Seu Agir
E ele tornou-se o bastião que resguardara minha morada
Nada e nem ninguém se aproximaria se ele não o permitisse
Cansado de me ver sofrer,
Sofrimento este causado pelos incautos
Dos que não compreendiam minha natureza frágil
Resguardou minha sensibilidade com tamanha ferocidade,
Encastelando-a, não permitindo a interação com sensibilidades
Outras.
Assim... Fiquei Só
Sua Cor
Era de um negrume acinzentado
Cor de uma floresta desencantada
A cor onde o sonho não convém
Ali a imaginação não penetra
O colorido é de persona non grata
Só expiava na penumbra
Se fazendo noite eterna
Assim... Fiquei Na obscuridade
Seu Corpo
Tinha os sentidos para perceber
Porem sentidos como arcabouços
De aros que se unem: uma corrente!
Arrastava-se como peçonha
Metia medo de pavor
Assim... Não ocupei espaço
Seu Som
Não se fazia ouvir
Não se importava com que lhe diziam
Com maestria deseducou
Martelo, estribo e bigorna
Seu ouvido de mercador
Era ausente para reivindicações
Assim... Não ouvi o que tinham a me dizer
SEU CHEIRO
NAUSEAVA O AMBIENTE
COM ENXOFRE IMPERTIMENTE
SUA PRESENÇA INCOMODAVA
AS INSENSÍVEIS NARINAS
NO CANTO ISOLADO
DOS OUTROS FAZIA GRAÇA
O AR QUE NÃO PENETRAVA...
AS NARINAS CONSTIPADAS
DOS AROMAS NADA SENTIA
ASSIM... NÃO SORVI O PERFUME DA VIDA
SEU DOMÍNIO
DEVASTA TODA PAISAGEM
CRÍTICO CONTUMAZ
NÃO AFAGA
AS FRANJAS QUE FLAMULAM AO VENTO
TEM HORROR AO OUTRO
ESSE OUTRO QUE SE DESVELA PARA DENTRO
ONDE NASCE SENTIMENTO E NECESSIDADE
NUM CANTO AMORDAÇADO
SONHA EM VIVER EM TÉDIO
ESSE É SEU DELÍRIO
É O QUE LHE CAUSA TRISTEZA
SENTIMENTO QUE PARA SÍ É NOBRE
POIS TEME A ALEGRIA
QUE O FARÁ DESCONTROLAR-SE
E ALÇAR AO MUNDO
FEITO CRIANÇA AVENTURADA
NA MAIS IDILICA POESIA
QUE SEM RIMA
BALBUCIA AS PALAVRAS
NA BRINCADEIRA QUE É VIDA
Seu Agir
E ele tornou-se o bastião que resguardara minha morada
Nada e nem ninguém se aproximaria se ele não o permitisse
Cansado de me ver sofrer,
Sofrimento este causado pelos incautos
Dos que não compreendiam minha natureza frágil
Resguardou minha sensibilidade com tamanha ferocidade,
Encastelando-a, não permitindo a interação com sensibilidades
Outras.
Assim... Fiquei Só
Sua Cor
Era de um negrume acinzentado
Cor de uma floresta desencantada
A cor onde o sonho não convém
Ali a imaginação não penetra
O colorido é de persona non grata
Só expiava na penumbra
Se fazendo noite eterna
Assim... Fiquei Na obscuridade
Seu Corpo
Tinha os sentidos para perceber
Porem sentidos como arcabouços
De aros que se unem: uma corrente!
Arrastava-se como peçonha
Metia medo de pavor
Assim... Não ocupei espaço
Seu Som
Não se fazia ouvir
Não se importava com que lhe diziam
Com maestria deseducou
Martelo, estribo e bigorna
Seu ouvido de mercador
Era ausente para reivindicações
Assim... Não ouvi o que tinham a me dizer
SEU CHEIRO
NAUSEAVA O AMBIENTE
COM ENXOFRE IMPERTIMENTE
SUA PRESENÇA INCOMODAVA
AS INSENSÍVEIS NARINAS
NO CANTO ISOLADO
DOS OUTROS FAZIA GRAÇA
O AR QUE NÃO PENETRAVA...
AS NARINAS CONSTIPADAS
DOS AROMAS NADA SENTIA
ASSIM... NÃO SORVI O PERFUME DA VIDA
SEU DOMÍNIO
DEVASTA TODA PAISAGEM
CRÍTICO CONTUMAZ
NÃO AFAGA
AS FRANJAS QUE FLAMULAM AO VENTO
TEM HORROR AO OUTRO
ESSE OUTRO QUE SE DESVELA PARA DENTRO
ONDE NASCE SENTIMENTO E NECESSIDADE
NUM CANTO AMORDAÇADO
SONHA EM VIVER EM TÉDIO
ESSE É SEU DELÍRIO
É O QUE LHE CAUSA TRISTEZA
SENTIMENTO QUE PARA SÍ É NOBRE
POIS TEME A ALEGRIA
QUE O FARÁ DESCONTROLAR-SE
E ALÇAR AO MUNDO
FEITO CRIANÇA AVENTURADA
NA MAIS IDILICA POESIA
QUE SEM RIMA
BALBUCIA AS PALAVRAS
NA BRINCADEIRA QUE É VIDA
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Declaração de uma amizade
São Paulo, 18 de Abril de 2010.
Á Nelson
Declaração de uma amizade
Entregou-me um envelope branco, contendo um chocolate alpino, uma bala de erva cidreira e uma declaração de amizade, se contada pelo tempo, indo para dez anos.
Deliciei-me com a barra de chocolate, a bala deixei para mais tarde, a carta deleguei para o tempo que não tem tempo, uma questão atemporal, pois existem pessoas , sentimentos, emoções,que ao serem lembradas pelos sentidos nos fazem percorrer os acontecimentos de nossa vida como átimos, tornando o tempo linear sem voltas para o passado, sem paradas no presente e sem pontes para o futuro, transitamos pelo tempo, mas não nos deslocamos nele.
Disse-me palavras delicadas, poema de uma amizade, vivências guardadas, grafadas com a mais majestosa caligrafia do escriba que o imagino a escrever com amor seus papiros e pergaminhos.
Amizade um ato de escrever em papyrus, em seu estado bruto cujo caule aponta para o que está nele contido. E que se fará pela delicadeza da idéia e pela força do suor. Assim o escriba registra sua criação e o amigo se inscreve indelevelmente na vida do outro amigo.
O homem escrevendo no pergaminho, naquilo que um dia foi pele.
A amizade se tatuando nas fibras do próprio coração.
Quando o tempo falta a amizade nos flerta nos corredores, num telefonema, talvez um e-mail, na saudade, na necessidade satisfeita da palavra proferida e ouvida, do abraço, da sintonia de pensar, naquilo que nos faz lembrar e recortar do jornal o artigo, das idas ao Sebo, que retirando pó do esquecimento nos faz comprar um livro que especialmente lembra o outro amigo.
Amizade é Fazer-se presente como presente para a delicada solidão.
A garimpagem não de pepitas, mais daquilo que contentará o amigo e tornará perene uma amizade: uma pequena quinquilharia, um tímido sorriso, uma sonora gargalhada, uma olhar que alcança uma tristeza disfarçada, um compartilhar da alegria de anseios satisfeitos.
A solidariedade mútua no viver, no caminhar, no sonhar,
No desejo de não esquecer e não ser esquecido
Pelo que é bom, pelo que nos faz sentir vivo!
Á Nelson
Declaração de uma amizade
Entregou-me um envelope branco, contendo um chocolate alpino, uma bala de erva cidreira e uma declaração de amizade, se contada pelo tempo, indo para dez anos.
Deliciei-me com a barra de chocolate, a bala deixei para mais tarde, a carta deleguei para o tempo que não tem tempo, uma questão atemporal, pois existem pessoas , sentimentos, emoções,que ao serem lembradas pelos sentidos nos fazem percorrer os acontecimentos de nossa vida como átimos, tornando o tempo linear sem voltas para o passado, sem paradas no presente e sem pontes para o futuro, transitamos pelo tempo, mas não nos deslocamos nele.
Disse-me palavras delicadas, poema de uma amizade, vivências guardadas, grafadas com a mais majestosa caligrafia do escriba que o imagino a escrever com amor seus papiros e pergaminhos.
Amizade um ato de escrever em papyrus, em seu estado bruto cujo caule aponta para o que está nele contido. E que se fará pela delicadeza da idéia e pela força do suor. Assim o escriba registra sua criação e o amigo se inscreve indelevelmente na vida do outro amigo.
O homem escrevendo no pergaminho, naquilo que um dia foi pele.
A amizade se tatuando nas fibras do próprio coração.
Quando o tempo falta a amizade nos flerta nos corredores, num telefonema, talvez um e-mail, na saudade, na necessidade satisfeita da palavra proferida e ouvida, do abraço, da sintonia de pensar, naquilo que nos faz lembrar e recortar do jornal o artigo, das idas ao Sebo, que retirando pó do esquecimento nos faz comprar um livro que especialmente lembra o outro amigo.
Amizade é Fazer-se presente como presente para a delicada solidão.
A garimpagem não de pepitas, mais daquilo que contentará o amigo e tornará perene uma amizade: uma pequena quinquilharia, um tímido sorriso, uma sonora gargalhada, uma olhar que alcança uma tristeza disfarçada, um compartilhar da alegria de anseios satisfeitos.
A solidariedade mútua no viver, no caminhar, no sonhar,
No desejo de não esquecer e não ser esquecido
Pelo que é bom, pelo que nos faz sentir vivo!
terça-feira, 18 de maio de 2010
Um inverno de 1996
Lembro-me
De quando você
Não era você
Pôrem tinha somente
A certeza de que
Você em mim se expandia
Nas minhas entranhas
E meu ventre
Pouco a pouco crescia
Meu filho
Não tinhas rosto
Não tinhas nome
Eras meu filho
Simplesmente meu filho
E assim
Doei-me a natureza
Fiz-me dela um instrumento
E o som que desta se ouvia
Era a sonoridade
Do meu amor por você
Sinto
Que este amor é impar
Não existe para ninguém
Ele existe e resiste
A todas as vicissitudes
É das minhas entranhas
Que ele nasce
E se expande para minh’alma
As grandes revoluções
Que faço na vida
Pago com ausência de quem amo
Assim perdi a presença de meu pai
,...
Mas saiba
Que é no infinito
Que existe
Meu amor por você
Onde não existe
Nem cercas
Nem distâncias
Nem tão pouco
Ausência de nós mesmos
Somente o horizonte
Que alem mar
Embeleza a praia
De quando você
Não era você
Pôrem tinha somente
A certeza de que
Você em mim se expandia
Nas minhas entranhas
E meu ventre
Pouco a pouco crescia
Meu filho
Não tinhas rosto
Não tinhas nome
Eras meu filho
Simplesmente meu filho
E assim
Doei-me a natureza
Fiz-me dela um instrumento
E o som que desta se ouvia
Era a sonoridade
Do meu amor por você
Sinto
Que este amor é impar
Não existe para ninguém
Ele existe e resiste
A todas as vicissitudes
É das minhas entranhas
Que ele nasce
E se expande para minh’alma
As grandes revoluções
Que faço na vida
Pago com ausência de quem amo
Assim perdi a presença de meu pai
,...
Mas saiba
Que é no infinito
Que existe
Meu amor por você
Onde não existe
Nem cercas
Nem distâncias
Nem tão pouco
Ausência de nós mesmos
Somente o horizonte
Que alem mar
Embeleza a praia
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Brechó de sentimentos
Fui ao brechó
Tentar negociar
Antigas dores
Não tinham nódoas
Não estavam puídas
Tinham somente
Laivos de sentimentos
Lembranças
Não tão carcomidas por Cronos
Impossível a negociação
Com minhas dores
Ninguém faz negócio
O que compram
O que vendem
São os prazeres passageiros
Uma alegria volátil
Uma ou no máximo duas lágrimas
Para uma necessidade de convencimento
O dono do brechó não faz exceções
Sabe o que compra
Pois sabe o que vende
Dores todos temos
As vossas
As nossas
Não se vende segunda pele
De gente só se vende roupa
Mercadoria vulgar essa dor
Cada qual sabe onde guardar
Do analgésico para amenizar
Do gole para esquecer
Da alegria para transmutar
Do amor para corromper
Tentar negociar
Antigas dores
Não tinham nódoas
Não estavam puídas
Tinham somente
Laivos de sentimentos
Lembranças
Não tão carcomidas por Cronos
Impossível a negociação
Com minhas dores
Ninguém faz negócio
O que compram
O que vendem
São os prazeres passageiros
Uma alegria volátil
Uma ou no máximo duas lágrimas
Para uma necessidade de convencimento
O dono do brechó não faz exceções
Sabe o que compra
Pois sabe o que vende
Dores todos temos
As vossas
As nossas
Não se vende segunda pele
De gente só se vende roupa
Mercadoria vulgar essa dor
Cada qual sabe onde guardar
Do analgésico para amenizar
Do gole para esquecer
Da alegria para transmutar
Do amor para corromper
Sons de mim, Palavras sem mim
Escrevo numa condição precária
Numa urgência de viver
Para estabelecer contacto com a própria vida
Os afetos se interpõem com suas ausências
Estancados pela necessidade visceral
Numa condição também precária
E faço com que as pessoas se ausentem de mim
Por não caber na contemporaneidade,
Sofro uma dor estanque
Busco companhia nas palavras
Um livro: uma coletividade
Um romance: uma vida inteira
Para, assim, não se esquecer de ser gente
Que minha humanidade não se aparte
Quem sabe uma reconciliação
Talvez o descortinar
De relações amenas e calorosas
Quente como o sol que aquiesce
Pequenas dores resolutas
Firmarão sua presença
Pequenas pessoas com pés e mãos surgirão
Mas pessoas inteiras se corporificarão
Serei companhia para um companheiro?
Tornar-me-ei imprescindível temporariamente na longa viagem?
Quererá o viajante minhas mãos quentes
Para aquecer as suas ?
Naquela que então será a nossa jornada
Seu coração reverberará por mim
Haverá obstáculos que impeçam
A ecolocalização de nossos sentires ?
Seremos golfinhos nas águas?
Seremos morcegos no ar?
Guiaremos-nos, encontrar-nos-emos
Pelo sonar
De palavras inauditas
De balbucios
De suspiros
De grunhidos
De assovios
E nesse reconhecimento mútuo
Entoaremos nosso próprio cântico
E o mistério que se encerra nas palavras
Permanecerá calado, mudo...
Porém mutável
Numa urgência de viver
Para estabelecer contacto com a própria vida
Os afetos se interpõem com suas ausências
Estancados pela necessidade visceral
Numa condição também precária
E faço com que as pessoas se ausentem de mim
Por não caber na contemporaneidade,
Sofro uma dor estanque
Busco companhia nas palavras
Um livro: uma coletividade
Um romance: uma vida inteira
Para, assim, não se esquecer de ser gente
Que minha humanidade não se aparte
Quem sabe uma reconciliação
Talvez o descortinar
De relações amenas e calorosas
Quente como o sol que aquiesce
Pequenas dores resolutas
Firmarão sua presença
Pequenas pessoas com pés e mãos surgirão
Mas pessoas inteiras se corporificarão
Serei companhia para um companheiro?
Tornar-me-ei imprescindível temporariamente na longa viagem?
Quererá o viajante minhas mãos quentes
Para aquecer as suas ?
Naquela que então será a nossa jornada
Seu coração reverberará por mim
Haverá obstáculos que impeçam
A ecolocalização de nossos sentires ?
Seremos golfinhos nas águas?
Seremos morcegos no ar?
Guiaremos-nos, encontrar-nos-emos
Pelo sonar
De palavras inauditas
De balbucios
De suspiros
De grunhidos
De assovios
E nesse reconhecimento mútuo
Entoaremos nosso próprio cântico
E o mistério que se encerra nas palavras
Permanecerá calado, mudo...
Porém mutável
terça-feira, 11 de maio de 2010
Lua Eclipsada
Assim, foi a mim dada a oportunidade de te amar: tua ausência e o frescor do que infundiste permanentemente em mim. É o que te faz presente, como sombra, privada da tua luz. Quiçá o dia chegará e não terei a necessidade de a ti verbalizar meu sentimento. Quando a noite decidir chegar, inspirada por tua escuridão, eclipsada será essa necessidade...e tornar-se-á tão somente minha. Assim te resguardarei dos meus queixumes quando digo: - Amo você!
K: A incógnita dele também é minha
Como é bom conversar, conversar ao pé do ouvido, conversar para desabafar, conversar para através das palavras em discurso criar ponte: para se chegar do lado de lá: O outro.
E no retorno encontrar a si mesmo. Reconheço a mim quando o outro diz que SOU, resguardando as devidas proporções, sou cria do pensamento, discurso, palavras daquele que comigo se comunica.
Nossa humanidade, não obstante a sua superioridade em relação ao reino animal, não traz em sua bagagem a autonomia instintiva que os outros animais possuem.
Precisamos do outro para construir o nosso próprio ser, sempre. O outro como sendo o espelho que reflete minha imagem. Isso a civilização e a cultura nos aparelham.
Quero, porém ir aquém da nossa humanidade. A isto bem se presta a arte. Podemos expressar nossos atavismos humanos, pisando em ovos sem ter medo de quebrá-los.
Pela arte podemos tocar nossos tambores ancestrais, entoar cânticos para nos conectarmos com o mistério, abeberar-se das poções mágicas, ir ao recôndito de nossa natureza mais primitiva.
E ao compartilhar essas experiências, comunicamos ao outro nossa existência criadora, nossa sombra sendo reconhecida pelo real que somos. Criatura e criação como entes distintos, nascidos da mesma matéria, porém não mais precisamos nos utilizar da antropofagia para devorar o inumano do outro e assim afirmamos a nossa natureza civilizadora.
Kafka me provoca e por isso digo o acima, pois eis que tudo estava por entre folhagens, camuflado; então quando da leitura de sua obra, expio minha natureza inumana: -É Aquilo que a civilização não conseguiu alcançar, pois que agora ouço sons guturais de algo que está se parindo, porém não tenho olhos para ver, não preciso desvendá-lo: - Eis o mistério: basta pré sentir seu nascimento; contudo este ser não terá face, desprovido de ego, será somente alma.
E no retorno encontrar a si mesmo. Reconheço a mim quando o outro diz que SOU, resguardando as devidas proporções, sou cria do pensamento, discurso, palavras daquele que comigo se comunica.
Nossa humanidade, não obstante a sua superioridade em relação ao reino animal, não traz em sua bagagem a autonomia instintiva que os outros animais possuem.
Precisamos do outro para construir o nosso próprio ser, sempre. O outro como sendo o espelho que reflete minha imagem. Isso a civilização e a cultura nos aparelham.
Quero, porém ir aquém da nossa humanidade. A isto bem se presta a arte. Podemos expressar nossos atavismos humanos, pisando em ovos sem ter medo de quebrá-los.
Pela arte podemos tocar nossos tambores ancestrais, entoar cânticos para nos conectarmos com o mistério, abeberar-se das poções mágicas, ir ao recôndito de nossa natureza mais primitiva.
E ao compartilhar essas experiências, comunicamos ao outro nossa existência criadora, nossa sombra sendo reconhecida pelo real que somos. Criatura e criação como entes distintos, nascidos da mesma matéria, porém não mais precisamos nos utilizar da antropofagia para devorar o inumano do outro e assim afirmamos a nossa natureza civilizadora.
Kafka me provoca e por isso digo o acima, pois eis que tudo estava por entre folhagens, camuflado; então quando da leitura de sua obra, expio minha natureza inumana: -É Aquilo que a civilização não conseguiu alcançar, pois que agora ouço sons guturais de algo que está se parindo, porém não tenho olhos para ver, não preciso desvendá-lo: - Eis o mistério: basta pré sentir seu nascimento; contudo este ser não terá face, desprovido de ego, será somente alma.
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